Certa vez, atendi um rapaz com sérios problemas no casamento. Já havia certo tempo em que ele se sentia insatisfeito e acabou se envolvendo com outra mulher. O relacionamento extraconjugal veio à tona. A esposa descobriu tudo e muito sofrimento foi gerado. A princípio, decidiram se separar. Passado certo tempo da separação conversaram e decidiram retomar o casamento. Ela falava que tentaria perdoar o ocorrido e ele afirmava que tudo seria diferente dali por diante já que dizia realmente gostar da sua esposa e se sentia culpado pelo sofrimento que havia causado.

Entretanto, algo muito mais fundamental, que vai além do diálogo racional, não foi cuidado até aquele momento: Os sentimentos de raiva e mágoa da esposa e a culpa que ele sentia.

Guardando ainda ressentimentos do marido, a esposa passou a exigir mais e mais dele no relacionamento. Demandava que ele abrisse mão de todas as suas vontades para satisfazer as dela. Era, ao mesmo tempo, uma forma de puni-lo e de exigir que ele provasse que a amava. Como ele carregava a culpa de tê-la feito sofrer no passado, não conseguia impor limites e cedia cada vez mais para compensar o que tinha feito.

Esse jogo de manipulação acabou dando origem a brigas e mais sofrimento. Embora os dois afirmassem que desejavam continuar casados, a situação ficava cada vez mais insustentável.

Quem guarda raiva ou mágoa de outra pessoa será levado de forma inconsciente por esses sentimentos a querer se vingar. Isso pode vir na forma de manipulação, como ocorria com este casal, mas o jogo só funciona quando o outro lado se sente culpado e cede às manipulações, como forma de tentar compensar a culpa. Ela remoía e alimentava a mágoa do marido, e ele, sem saber, estava também alimentando a mágoa dela ao manter o sentimento de culpa, pois entrava no jogo da chantagem. A cada dia ficavam mais infelizes.

O jogo de manipulação precisa das duas partes para sobreviver: Um lado magoado e o outro lado que se sente culpado para ceder ao jogo. Só existia uma maneira para que ele saísse desse jogo. Ele precisava acabar completamente com todo o seu sentimento de culpa, assim, conseguiria impor limites na relação. Isso acabaria sendo benéfico para os dois, pois ela passaria a respeitá-lo e o relacionamento certamente melhoraria. Expliquei isso para ele e fizemos um trabalho profundo usando a EFT (Técnica para Autolimpeza Emocional – Clique Aqui e solicite o Manual Gratuito para aprender a eliminar emoções e pensamentos negativos em minutos!) para dissolver toda a culpa, até que ele conseguiu se sentir em paz e se perdoar cem por cento.

Depois de dissolvido o sentimento, orientei que ele deveria conversar com a esposa, dizendo que entendia a responsabilidade do que ele havia feito e que estava consciente do sofrimento que havia causado, mas, mesmo assim, a partir daquele momento ele voltaria a ter seu espaço no relacionamento como tinha antes. E que se não fosse dessa forma, seria melhor realmente uma separação definitiva, pois aquela situação só estava causando mais sofrimento para os dois lados.

Surgiu, então, o medo de que isso o levasse a se separar. Esse é também um sentimento que dá grande margem para a manipulação. Fizemos também bastante EFT para dissolver por completo esse medo. Assim, ele foi inteiro para conversar com a esposa. Sem culpa, sem medo e com muita sinceridade.

No início, ela reagiu à nova postura e tentou fazê-lo novamente sentir culpa relembrando o sofrimento que ele havia lhe causado. Ele ouviu e voltou a afirmar que sabia da sua responsabilidade, mas que viveria a vida daquele momento por diante, e que se ela não estivesse preparada, a separação era o único caminho. Ele recomeçou a impor os limites e ela, de vez em quando, ainda tentava puni-lo, mas como não havia mais o sentimento de culpa, ele não mais cedia, deixando de alimentar a mágoa da esposa. Isso pode parecer frieza para algumas pessoas, mas não se trata disso. É apenas uma forma madura, livre de negatividade, de lidar com uma situação difícil. Ele já havia anteriormente pedido perdão várias vezes, mas ela permanecia alimentando a mágoa. Depois da nova postura, em poucos dias o relacionamento foi se transformando e as brigas acabaram.

A culpa que ele sentia servia para alimentar a raiva dela. No momento em que ela foi dissolvida, a mágoa não mais conseguia crescer da parte da esposa, pois não havia mais qualquer ganho secundário em mantê-la já que não era mais possível manipulá-lo.

Quando estamos nesse jogo, a única forma de conseguirmos nos libertar é liberando nossos sentimentos de culpa e medo, deixando o outro livre para se afastar se ele desejar, mas o afastamento raramente vai ocorrer. Normalmente, o que acontece é que nós paramos de alimentar uma relação doente e o outro lado fica também mais saudável e acaba se aproximando de uma forma muito melhor.

Esse jogo também pode ocorrer entre pais e filhos. Uma mãe que abandonou a filha e depois tenta retomar a relação com ela será muito suscetível a ser manipulada se guardar sentimentos de culpa. A filha vai alimentar a sua mágoa jogando na cara o quanto sua mãe lhe fez sofrer. Com isso, a mágoa cresce e a filha tem o poder de conseguir mais coisas desse relacionamento doente. No momento em que essa mãe se libertar da culpa pelo erro cometido e do medo que a filha se afaste, ela conseguirá se aproximar da filha com outra postura e não se deixará manipular. A filha, a princípio, irá tentar manter o jogo, mas não haverá o outro lado contribuindo. A tendência será, então, que haja uma reaproximação e melhora na qualidade do relacionamento.

O processo também pode ocorrer dos filhos para os pais. Filhos de pais manipuladores carregam muitas culpas. Esses pais são mestres em criar esse sentimento nos filhos. Cobram demais e fazem chantagem emocional. O filho se sente um devedor, que nunca atende às expectativas e se sente culpado por não conseguir dar alegria aos pais. Movido pela culpa, vira uma presa fácil da manipulação, cria uma vida infeliz de escolhas para agradar os pais, e alimenta a mágoa insana deles. Curando sua culpa, conseguirá se libertar desse jogo, será mais respeitado e uma transformação para melhor ocorrerá no relacionamento.

O manipulador, embora possa parecer que está ganhando algo, apenas alimenta o seu ego e cria sofrimento para si mesmo e para os outros. A satisfação em fazer o outro atender a sua vontade é apenas uma falsa satisfação que encobre mágoas e problemas de autoestima. Esse texto é importante para ajudar a identificar os dois papéis, assim é possível se libertar de qualquer um deles com mais facilidade.

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Um forte abraço!

André Lima.

 

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